Nesta carta, aparece um jovem e poderoso guerreiro, dirigindo um carro de guerra. Em sua frente há um escudo de bronze e, a sua esquerda, uma lança. Segura firme as rédeas de dois cavalos, um preto e o outro branco, insinuando quererem seguir direções opostas.
Nos deparamos com Ares, o deus da guerra, que, segundo a mitologia grega, foi concebido por Hera, rainha dos deuses, sem a semente masculina. Como deus da Guerra, Ares alegrava-se nas lutas. Seus dois escudeiros, Deimos, o Espanto, e Fobos, o Terror - que muitos dizem serem seus filhos -, acompanhavam-no a todas as batalhas. Ares era o oposto de Atena, a divindade guerreira representada pela estratégia e coragem refletida. Ares amava o calor da batalha e exultava quando derrotava o inimigo.
Afrodite impressionada pelo jovem guerreiro, não conseguiu deixar de compará-lo ao seu marido, o deus-ferreiro Hefesto, doente e aleijado, e se apaixonou por Ares. Este, sem o menor pudor, maculou o leito matrimonial do casal. Hefesto, porém descobriu o adultério e planejou uma vingança terrível.
Em segredo, forjou uma rede muito fina, quase invisível, mas inexplicavelmente forte e que jamais poderia ser rompida. E pendurou-a sobre o leito onde os amantes costumavam se encontrar. Depois dos prazeres da paixão, saciados e cansados, os dois adúlteros caíram no sono. Em seguida, Hefesto soltou a rede sobre ambos e chamou todos os deuses para que servissem de testemunhas do adultério de sua esposa e Ares. A paixão de Ares jamais foi suplantada pela vergonha, e tempos depois de sua paixão com Afodite nasceu uma filha – Harmonia, cujas características seu nome sugere, e que veio para estabelecer uma ligação equilibrada entre o amor e a paixão. (Sharman-Burke & Greene, 1988).